Correndo Descalço

http://pes-descalcos.org/run

Conheça também o site sobre Corrida Descalça:
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quinta-feira, maio 04, 2023

Estou comemorando 20 anos de corridas sendo 18 anos de corrida descalça!

Vida longa na corrida de rua é possível? Qual é a experiência de cada um?
Continuam por tantos anos praticando este esporte? Se pararam, porquê?

Para mim está sendo e estou muito feliz!

Segunda-feira passada, dia 1º de maio de 2023, completei 20 anos de participação continuada em corridas! Já havia corrido 2 provas antes desta etapa mas foram por pura aventura e sem treinamento apropriado e continuado.

Em 1º de maio de 2003 corri a Corrida do Trabalhador de Brasília 10Km, ficando em 153º lugar na categoria M3539 com o tempo de 53:09. Milagrosamente o resultado da prova ainda se encontra online!!!
https://www.runnerbrasil.com.br/Calendario/2003/0501/TrabalhadorDF/TrabalhadorDF_M.txt 

E, segunda passada, corri a prova de 5Km da 15ª Corrida João Cesar de Oliveira, ficando em 1º lugar na categoria M5559 com o tempo de 22:07.
https://www.tbhesportes.com.br/site/wp-content/uploads/2022/04/5KM-MASCULINO.pdf

Para mim o segredo, em continuar motivado para os treinos, é variar os objetivos. Já tive como objetivos melhorar os tempos nos 5K, nos 10K, na meia... Correr maratonas descalço em semanas seguidas. Correr provas "diferentes" em pista: 3000 steeplechase, 800m. O objetivo atual é colecionar troféus de faixa etária. Hehehe

Odeio logística complicada, portanto odeio esportes com logística complicada. Assim a corrida me "aprisionou" pois é super simples, a logística é mínima! E a corrida descalça (ancestral) então, nem se fala!

segunda-feira, junho 23, 2014

VALEU PEZÃO!!!

Sábado e domingo passados, dias 21 e 22 de junho, aconteceram 3 eventos de atletismo em Ribeirão Preto/SP:
  1. XII Torneio da Amizade de Atletismo Master da ARPAM (Associação Ribeirãopretana de Atletismo Master) em homenagem ao Prof. Frederico Hoschstatter;
  2. Track&Field Night Run Iguatemi Ribeirão Preto;
  3. 10ª Corrida da Solidariedade - 8km.
Estive lá para participar, no sábado, do primeiro e, no domingo, do terceiro. No torneio corri as provas dos 5.000m às 7:30h, dos 800m às 10:15h e dos 1.500m às 16:00h.

Quando fomos, eu e Arnoldo, em 2012 para a Volta ao Cristo em Poços de Caldas/MG conhecemos um outro atleta descalço: Antenor Augusto da Cruz. Ele se apresentou pelos pseudônimos de "Pezão" ou também "Retrato Falado da Baldaia". Não havia entrado em contato previamente com ele, mas sabia que deveria encontrá-lo lá, pois é morador de Ribeirão Preto e membro da ARPAM. E, de fato, o encontrei. Pezão já foi um atleta de alto nível e foi ele quem descobriu a nossa campeã da São Silvestre de 2001: Maria Zeferina Baldaia. Naquela época ela corria descalça por falta de recursos financeiros e patrocínio. Leia mais sobre a história aqui e/ou veja o vídeo seguinte:



No sábado, no intervalo do almoço do torneio, Antenor me convidou para irmos em Sertãozinho na casa da Maria - denominação de Baldaia para os íntimos ;) - e na casa da mãe dela, a Dona Domingas. Não encontramos a Maria em casa, nem na pista de atletismo criada em homenagem a ela. A jardineira da pista disse que Maria estivera treinando lá fazia uns 30 minutos. Mas encontramos a Dona Domingas em casa com o Fabiano, seu filho (irmão de Maria) que é deficiente. Lá há diversos troféus mais antigos da Maria. Vejam as fotos a seguir.

Eu, a jardineira da pista e Pezão

Em frente a pista que homenageia Baldaia

Na cozinha com os troféus e Dona Domingas

Na sala com Dona Domingas e seu filho Fabiano

Antenor, eu e os troféus da sala

Acabamos encontrando Maria no domingo, antes da Corrida da Solidariedade. Fui apresentado a ela por Pezão. Na prova, Maria ficou em segundo lugar. Pezão fechou em 34:19 e subiu ao pódio como o segundo em sua faixa etária (M55-59). Eu, quebrado das provas do dia anterior e com uma dor na panturrilha direita, terminei em 35:25 sendo o 16º em 44 concluintes na faixa M44-49.

Voltando a falar do torneio, eu já havia participado de dois desafios de fundo em pista, nos 3.000m e nos 5.000m, mas em datas bem distintas. Nunca havia corrido 800m e 1.500m e ainda por cima tentar 3 provas no mesmo dia! Logo na estreia baixou um Said Aouita em mim. rsrsrs

Há cerca de um mês e meio, ao descobrir o torneio e a viabilidade em participar dele, comecei a faz tiros de 150m, 400m e 800m. Como não tenho uma pista para treinar, tais tiros foram feitos na rua.

Não há muita concorrência no torneio, a premiação é feita por faixa etária mas as baterias são feitas agrupando várias faixas etárias. Corri praticamente em jejum os 5.000m, pois só tomei um café expresso depois de acordar. Foram 5 concorrentes na faixa M4549 e levei o ouro com 19'53". Até a prova dos 800m só comi um bombom e um pedacinho de rapadura. ERRADO! Devia ter me reabastecido de carboidrato. Os 800m são uma pauleira! É carboidrato puro! Foram 4 concorrentes e levei a prata com 2'30". Fiquei "alterado" depois da prova, 15 minutos depois meus batimentos ainda não tinham normalizado (120 bpm!!!). Só recuperei depois do almoço! Então decidi que ía pegar leve nos 1.500m. Eram 4 concorrentes mas um não largou. Com a medalha de bronze garantida, fiz uma prova tática, roubando a prata no sprint final. O tempo foi 5 minutos alto, quase 6, nem preocupei em saber pois não corri por tempo nesta.

Foi ótima a experiência de participar do torneio e me sentir um corredor de pista. Por sinal o torneio é muito bem organizado pela ARPAM, na figura do Sr. Abel Rahal, e distribui belas medalhas! Seguem fotos.


Pódio dos 5000m


Primeira volta dos 800m



Segunda volta dos 800m


Pezão nos 800m


Sprint final dos 1500m


Pódio dos 1500m


Medalhas



sábado, maio 17, 2014

Descalço e em jejum na Meia Maratona Internacional de BH

FATOS RÁPIDOS:
Cidade: Belo Horizonte/MG
Data/Hora: 11/05/2014 - 7:30h
Temperatura na largada: 18 Celsius
Tempo líquido: 1:33:53
Colocação masculino: 150/1210
Colocação faixa etária M4549: 24/161

Tempo líquido 1h33m53s

Post curto. Nas meias anteriores já havia corrido sem tomar o café da manhã preconizado pela maioria dos nutricionistas. Em uma delas não comi nada mas, na maioria, estava comendo apenas uma tira de uma barra de chocolate meio amargo com um pouco de água. Também não usava carboidrato em gel durante a prova.
Nesta resolvi testar outra estratégia. Não comi nada ao acordar, fui em completo jejum. Inclusive jejum de água! Devido ao clima frio, resolvi não beber água pela manhã. Acabou sendo uma ótima ideia pois as filas dos banheiros químicos estavam gigantescas! Excesso de água em clima frio só serve para fazer urina e não para "hidratar"! Durante o percurso, no km 12, tomei um gel (CarbUp).
Bem, gostei mais desta nova estratégia, me senti melhor assim. Exceto pelo gel que não desce bem. Mas, numa próxima, pretendo testar outra coisa no lugar do gel, provavelmente mel.
Quanto a prova, São Pedro ajudou na temperatura mas as rajadas de vento atrapalharam um pouco em alguns trechos. Foi minha terceira participação nesta meia e consegui fazer meu recorde pessoal no percurso, 9 segundos a menos que o anterior!!!

Por coincidência, a TV Alterosa estava fazendo uma matéria bem na hora que fui retirar o kit. Apareci! rsrsrs

terça-feira, novembro 19, 2013

17ª Maratona CAIXA de Curitiba também foi "hackeada"!

FATOS RÁPIDOS:
Cidades: Curitiba/PR
Data/Hora: 17/11/2013 - 7:15h
Temperatura ao final (INMET): 16.8 Celsius
Tempo líquido: 3:31:42
Colocação masculino: 269/1397
Colocação faixa etária M4549: 35/197

Cheguei no sábado (16/11) por volta das 15:30h na chuvosa Curitiba e fiquei hospedado no Bristol Centro Cívico, o mesmo que fiquei em 2009. É o hotel mais bem localizado para a prova. Da cobertura é possível avistar o local da largada: a Praça Nossa Senhora de Salete. Lá do alto fiz a foto abaixo já mostrando as tendas montadas para a prova.


Como o voo chegaria no limite para a retirada do kit (16h). O amigo descalço/minimalista, que até então conhecia apenas virtualmente, Adolfo Neto fez a gentileza de pegar o kit para mim e deixá-lo na portaria do hotel. Fomos nos conhecer pessoalmente no dia seguinte. Pela Internet corre a fama que o Curitibano é fechado, evita conversa e recebe mal os turistas. Mas sempre que estive lá tive a impressão oposta. Sempre fui bem recebido e não foi diferente desta vez. Um caso pitoresco aconteceu. Sai do hotel sob chuva e fui a um supermercado próximo. No caminho passei em frente ao um estabelecimento chamado "O Rei do Pierogi". Não tinha a menor ideia o que era pierogi, só fui saber ao pesquisar posteriormente na Internet. Mas o que me chamou a atenção foram as várias propagandas a respeito do "Sonho Original" com recheio de goiabada, creme ou doce de leite. Sonho não é nada paleo mas me fez lembrar dos deliciosos sonhos da falecida tia-avó Guilherma, lá de Barbacena/MG. Não sou paleo, apenas procuro ver nesta dieta um norte então, na volta do mercado, titubiei e acabei entrando e pedindo um sonho de goiabada! Fui atendido pelo Sr. Tadeu, o Rei do Pierogi, que estava na companhia de outro senhor (de nome Luciano, eu acho). O primeiro puxou assunto, dizendo que pela manhã estava abafado mas tinha dado uma refrescada. Disse que não sabia, pois não era dali, e havia chegado há pouco tempo na cidade. O papo rolou sobre de onde eu vinha e o motivo de estar em Curitiba. O segundo senhor quis saber se eu era Cruzeiro ou Atlético. Disse que nenhum dos dois, que era Americano. O América/MG é um time da Série B, menos conhecido fora de Belo Horizonte. Mas o Sr. Tadeu conhecia, pois é torcedor do Paraná Clube, outro clube que está na Série B. Fim do bom papo, encerrei a conta e ganhei de brinde um sonho de creme para comer depois! Quem disse que o Curitibano não é gentil?

Comer um café da manhã reforçado antes das provas, como usualmente orientam os nutricionistas, nunca me fez sentir bem. Assim, este ano comecei a testar a teoria de correr em jejum nos treinos que fazia pela manhã. Cheguei a fazer a Meia Maratona Internacional de BH inteiramente em jejum. Na Meia da Corpore meu café da manhã foi apenas uma tira (25g) de chocolate meio amargo (40%). Na Meia Shopping a Shopping do ES foram dois bombons. Como nunca tinha testado jejum para atividades tão longas como uma maratona, tomei um café da manhã mas bem longe do recomendado: uma banana, uma beterraba pequena "in natura", uma tira de chocolate meio amargo, um Carb Up Black e água! Carreguei 4 Carp Ups comuns como combustível para o caminho.


Ao sair da porta do hotel, frio e uma garoa finíssima que me preocupou. Mas ela sumiu no tempo que gastei para ir do hotel até a fila para retirar o chip. Não choveu durante a prova e a temperatura esteve perfeita, mesmo para os mais lentos. Segundo as medições do INMET, ela variou de 13C a 18C no período da maratona.


Após retirar o chip, me dirigi ao local onde estavam as tendas das assessorias. Fui procurar a tenda da V8 Assessoria Esportiva pois havia combinado com o Adolfo de nos encontrarmos lá.  Ele chegou um pouco depois mas já havia estado lá antes. O Adolfo iria correr com suas huaraches, tal como já havia corrido no ano anterior. Fomos trotar no caminho pavimentado, no meio do gramado da praça, para aquecer. Conversamos e passamos por alguns curitibanos aos quais ele me apresentou. Me lembro do Luiz Souza e do Mauricio Geronasso. O primeiro também correu a maratona e o segundo encontrei novamente no percurso onde incentivava os maratonistas. Calculo que eu e Adolfo largamos um pouco para trás da metade do pelotão de corredores. Não o vi mais pois eu faria a prova num ritmo mais veloz.


A maratona teve um excelente público. Foi uma prova "cheia" na minha avaliação. Foram 1616 concluintes nos 42K e se tornou a 3ª maior maratona do Brasil este ano. O apoio dos espectadores também foi intenso e positivo. Muito melhor que em 2009, e olha que o clima desta vez estava bem menos convidativo para se sair de casa. Isto demonstra que a campanha VEM PRA RUA MARATONA DE CURITIBA capitaneada pelo corredor Glacymar Oliveira deu certo!


O apoio foi tão empolgante que na reta final, um senhor me escoltou alguns metros, disse que eu merecia por estar descalço. Me entusiasmou a ultrapassar o corredor que seguia em minha frente. Acabei conseguindo! Logo a seguir entrei no corredor de gente que ladeava o caminho até a chegada. Na empolgação, ensaiei um aviãozinho estilo Vanderlei Cordeiro! Confira nas fotos.

Mas para falar a verdade, eu não corri a Maratona de Curitiba! Como nas duas maratonas anteriores, eu "hackeei", ou seja, eu corri e andei, corri e andei. Usei o método Gallowalk. Programei o timer do relógio para ciclos de 8'42'' de corrida intercalados por 1'30'' de caminhada. Mas não os segui a risca. Por exemplo, no começo emendei os dois primeiros e apenas corri para me livrar da aglomeração do início de prova. O objetivo é estar inteiro no dia seguinte. Consegui. Desci 2 vezes do 8º andar ao térreo e subi 1 vez sem problemas!!!

Não fui o único descalço na maratona. O amigo minimalista Sérgio Rocha trabalhou filmando a prova para a organizadora Latin Sports. No seu programa Corrida No Ar ele disse ter visto outro descalço mais veloz do que eu. Acabei descobrindo que se tratava do carioca Cosme Reges. Também soube pelo Adolfo de outro corredor descalço, o Juscelino Oliveira que fez a prova dos 10K.


A prova foi tudo de bom. Apenas dois pontos negativos. O primeiro é a medalha que não possui data, nem mesmo o ano a que se refere! O segundo é a qualidade do asfalto de Curitiba que deteriorou muito nestes 4 anos desde 2009. Havia vários trechos, alguns longos, de asfalto chokito. Por sorte o clima estava frio, se estivesse calor meu pé estaria moído! Acabou que tive apenas uma bolha de sangue na lateral do dedo médio do pé direito.


Além do sonho cortesia, também teve fotos cortesia. A maioria das fotos que ilustra este post foi obtida de graça no site Vivo Esporte. As duas que aparecem apenas meus pés foram obtidas no blog do Ernesto G Filho. As da medalha e a vista da cobertura do hotel são de minha autoria.

segunda-feira, novembro 04, 2013

2ª Meia Maratona do ES de Shopping a Shopping OU O Ano das Meias - Capítulo Final

FATOS RÁPIDOS:
Cidades: Serra, Vitória, Vila Velha/ES
Data/Hora: 03/11/2013 - 8:05h
Temperatura registrada pelo INMET: 26 Celsius
Umidade registrada pelo INMET: 68%
Tempo líquido: 1:38:17
Colocação masculino: 57/612
Colocação faixa etária M4549: 8/82

Encerrei a temporada de Meias participando da "2ª Meia Maratona do Espírito Santo de Shopping a Shopping". O evento, além da Meia, tem uma prova de 16km. Ambos os percursos ligam o Shopping Mestre Álvaro em Serra/ES ao Shopping Praia da Costa em Vila Velha/ES passando pela cidade de Vitória/ES. Os shoppings são empreendimentos do Grupo Sá Cavalcante que é o realizador do evento. Achei o evento muito bem organizado. Também é muito atrativo para a elite e os amadores top. Premiação em dinheiro iguais no masculino e no feminino sendo: R$ 5mil para os vencedores, R$ 3mil para os vice, R$ 2mil para os terceiros. Premiação em produtos esportivos de R$ 1mil e R$ 500 para os quartos e quintos colocados, respectivamente. Nas faixas etárias havia troféu e medalhas diferenciadas para os três primeiros que, na última hora, foram ampliadas para até o quinto colocado. Neste aspecto, escolhi a prova errada. rsrs. Fui 8º na Meia em minha faixa etária e, ao olhar o resultado dos 16km, teria sido o 2º correndo no ritmo que corri a Meia. Hehehe, sem choro, SE não ganha medalha!
Terminei no meu pior tempo nas Meias deste ano: 1h38m17h. Atribuo principalmente a alta sensação térmica. Céu quase sem nuvens e umidade alta. São Pedro não ajudou. O sábado esteve fresco, choveu pela manhã e se manteve nublado. Porém o domingo foi quente como já havia adiantado a previsão do tempo. Acho que o calor prejudicou a todos, tomo por base o tempo do queniano vencedor que foi de 1h07m38s.
Também fiquei com a sensação de ter "pagado língua". Antes do início da prova fui abordado por um ou outro corredor curioso com minha situação. Uma pergunta frequente foi se o asfalto não queimava. Respondia que só lá pelas 10:30h o asfalto ficava quente e "queimava". Pois bem, as 9h a corrida já começou a ser tornar incômoda por causa do calor do asfalto, achei que, ao final, as solas estariam bem sensíveis mas, acabei com a impressão que elas não ficaram tanto. Talvez também pois não continuei descalço como de praxe. Como teria que voltar de ônibus, levei um chinelo o qual usei.
Entre os corredores que me abordaram, destaco o Eduardo. Ele se aproximou confirmando seu eu era o corredor descalço de Belo Horizonte e dizendo que me conhecia pela Internet. Disse que já faz um tempo que está tentando se adaptar mas usa calçados minimalistas. Quis algumas dicas e afirmou estar tendo a "famosa" dor no topo do pé. Expus minha teoria e reafirmei meu "purismo": aprenda a correr DESCALÇO, só depois de muito tempo/treino use os minimalistas quando a temperatura ou a textura do terreno não permitirem a prática descalça. Ele disse ter sido bom me ver ali, serviu para animá-lo novamente!
Por fim, o ponto alto foi ter conhecido pessoalmente o Sr. João Elias da Silva. O corredor deste vídeo:

De fato, pouco conversei com ele. Antes da largada só informei que já o conhecia pelo YouTube e parabenizei por tanto tempo de prática. Alguns corredores locais estavam com cartazes de protesto contra a "comercialização" das provas atuais e seus preços cada vez mais altos. O João os apoiava. Como mostrado no vídeo, o João tem deficiência em dos olhos, assim largou 15 minutos antes junto com os portadores de necessidades especias (PNE). De fato, eram apenas 3 PNEs, dois homens e uma mulher. O João venceu com o tempo 1h45m20s, tempo que certamente também levaria pódio na faixa etária. Após a chegada, ao entrar no Shopping, o vi dando entrevista para a assessoria de imprensa do estabelecimento. De passagem, meti o bedelho, dei parabéns pela vitória e afirmei que ele era um veteraníssimo que servia de inspiração para todos os corredores descalços.
Fim das Meias. Próximo desafio, sem preocupação com desempenho, é a Maratona de Curitiba.

quinta-feira, agosto 29, 2013

O Ano da Meias

  Inspirado pelo Desafio Asics-CR 21k resolvi que este ano priorizaria as provas de meia maratona. Como possuía o melhor tempo de 1h32m02s na Golden Four Asics BH de 2012, me inscrevi no desafio sub-1h30m.
  Não que eu estivesse pensando em treinar mais ou especificamente para as meias, apenas que iria correr o meu normal e participar de mais meia maratonas. Se o sub 1h30m sair bem, senão, amém!
  Pesando contra está o fato que, em Belo Horizonte, só existe no calendário de provas a Meia Maratona Internacional, que ocorreu no último domingo (25/08/2013) e da qual participei. Além dela, participei de outras duas outras fora de BH. Este post é um relato sobre as três.

XIV MEIA MARATONA NETSHOES CORPORE INTERNACIONAL DA CIDADE DE SÃO PAULO - 14/04/2013

  Prova tradicional, feita para corredores e com percurso bastante plano. Estabeleci meu recorde pessoal por 1 segundo: 1h32m01s! O clima foi extremamente favorável: chuvoso e temperatura amena. A largada por pelotões de ritmo ajudou, apesar dos dois primeiros quilômetros serem ainda embolados.
  Encontrei na prova os amigos (quase) descalços Maria Lúcia e Sérgio Rocha. A Maria Lúcia, que encontrei e corri junto na Volta da Pampulha, usou huaraches e acabou parando com dores no tornozelo lá pelo Km 7. O Sérgio largou no pelotão a frente do meu. Avistei-o durante quase toda a prova, alguns metros a frente. Acabei por ultrapassá-lo no Km final. Ele também fechou a prova em recorde pessoal na casa das 1h32m.
  Usualmente meus treinos são a tarde, poucas horas após o almoço. Mas quando faço treinos pela manhã tenho treinado em jejum. Nesta prova fiz uma tentativa de quase-jejum: no café da manhã comi apenas uma tira de uma barra de chocolate meio-amargo.

Fatos
Tempo Total 01:32:01 
Vel. Média: 13,76 km/h
 Ritmo: min/km
Classif. Geral: 283º lugar - 2939 concluintes
Cl. Fx. M4549: 53º lugar - 469 concluintes

II MEIA MARATONA DE JUIZ DE FORA - 09/06/2013

  Segundo edição da prova, portanto não-tradicional, mas me entusiasmei em participar por dois motivos: 1-) por ser no próprio Estado, ou seja, relativamente perto e assim ir de carro; 2-) conhecer o amigo descalço Fernando, professor da UFJF, que aparece comigo na foto acima. Infelizmente o Fernando não participou da prova pois está(va) como uma fratura por stress no metatarso.

  O percurso é basicamente de ida e volta pela avenida que segue o Rio Paraibuna. Então são 17km praticamente planos: 8,5km na ida e 8,5km na volta. Há variação de altimetria entre os km 8,5 e 13,5 quando se abandona as margens do rio e ocorre o retorno no percurso. 
  O dia amanheceu nublado e com temperatura amena, no entanto, logo se estabeleceu um pequeno mormaço, com o sol aparecendo na segunda metade da prova. Sendo assim, o clima não foi tão perfeito quanto na Corpore. Estabeleci meu terceiro melhor tempo em meias: 1h33m21s! A largada não é por pelotões pois a prova não tem muitos participantes, não perdi tempo na largada e com 100m já estava no meu ritmo.
  Não corri em jejum, tomei um café da manhã tradicional, e considero que isto me atrapalhou. Durante o percurso senti as sensações de regurgitação e azia.


Fatos
Tempo Total 01:33:21 
Vel. Média: 13,56 km/h
 Ritmo: min/km
Classif. Geral: 37º lugar - 301 concluintes
Cl. Fx. M4549: 3º lugar - 35 concluintes


4ª MEIA MARATONA INTERNACIONAL DE BELO HORIZONTE - 25/08/2013
  Corrida em casa, não tinha como deixar de ir. A prova chega a quarta edição muito bem organizada, com largada por pelotões de ritmo. Não gastei 300m para estar no ritmo desejado. O percurso tem 18km planos em volta da Lagoa da Pampulha e 3km com variação de altimetria dentro do Zoológico. O que mais atrapalha nesta prova é o clima de deserto em BH nesta época do ano. Super seco (umidade abaixo dos 20%), madrugadas de clima ameno mas aumento rápido da temperatura com o nascer do sol. A lagoa fede devido ao esgoto lançado nela e a falta de chuva para diluí-los. Argh!!!
  Pela primeira vez corri uma meia totalmente em jejum. Fiz um tempo pior do que esperava: 1h35m50s. Mas não atribuo isto ao jejum. No domingo anterior havia corrido, em jejum, os 10km do Circuito Qualidade Caixa em Aracaju para 41m37s líquidos. Assim esperava um tempo melhor nesta meia. Além do clima não favorável, atribuo a outra "desculpa" o desempenho abaixo do esperado. Na segunda e terça-feiras tive uma gastroenterite (nome científico para piriri gangorra, rsrsrs) e só voltei a me alimentar normalmente na quinta-feira. Entre desidatração e outras perdas, foram-se 3kg no processo. Havia recuperado 1,5kg até o momento da prova.
  Tive o assédio de umas 3 ou 4 pessoas antes, durante e depois da prova. Vieram se informar sobre os motivos e a mecânica da prática descalça. Ao escolher uma foto para comprar, gostei da abaixo. O homem que me ultrapassa (pela camiseta aparentemente é um policial civil) fica espantado com o pé descalço! rsrsrs.

Fatos
Tempo Total 01:35:50 
Vel. Média: 13,21 km/h
 Ritmo: min/km
Classif. Geral: 209º lugar - 1380 concluintes
Cl. Fx. M4549: 21º lugar - 201 concluintes 

terça-feira, abril 16, 2013

Roteiro de Filme Terrorista: Maratona da Morte


Com o atentado terrorista na maratona de Boston este texto pode parecer descaso ou humor negro. A intenção não é esta. Esta trama de cinema que descrevo foi pensada muito antes deste atentado. Para entendê-la é preciso, além de algum conhecimento em tecnologia de segurança, ler o hyperlink em inglês que se refere ao concurso idealizado pelo especialista em segurança digital Bruce Schneier, o qual define seu objetivo e contexto.

Pois bem, sou assinante de longa data da newsletter Crypto-Gram do "guru em segurança" Bruce Schneier, bem antes de eu começar a correr, quanto mais correr descalço! O dia é primeiro de abril de 2006, os EUA ainda vivem a paranóia terrorista do 11 de setembro. A economia americana é prejudicada pelo terror. Bruce lança o concurso “Movie-Plot Threat” (leia o conteúdo do link para entender). Apesar do que você possar pensar, o objetivo dos terroristas não é matar gente, é causar terror! O terror muda o comportamento das pessoas. Esta mudança pode produzir efeitos econômicos desastrosos e até causar muito mais mortes que o próprio evento terrorista. Por exemplo, mais funcionários e equipamentos de segurança são deslocados para os aeroportos encarecendo o preço das passagens aéreas. Por medo, muitas pessoas desistem de viajar de avião e vão de carro. Mesmo incluindo a estatística dos ataques terroristas, o transporte aéreo é muito mais seguro que o rodoviário, muito mais mortes por pessoas transportadas são registradas neste último.

Naquela época em 2006, fazia pouco menos de um ano que eu havia começado a correr descalço. Estava empolgado com a modalidade e numa fase de alto proselitismo. Tive a ideia abaixo para um roteiro mas acabei não enviando-a para o concurso. Primeiro pois teria que traduzí-la para o inglês e segundo pois eu mesmo fiquei "com medo" de dar ideia contra um evento que gosto. Com o atentado a Maratona de Boston, o mal está feito. Os terroristas foram ainda mais aterrorizantes do que eu imaginei, o alvo principal não foi os atletas mas os familiares que foram torcer! Segue abaixo o roteiro mas, antes, um aviso.

AVISO: Os comentários deste blog são desativados. Se quiser comentar comente na postagem que fiz no Google+. Não espere resposta. Um diretor não vai a toda sessão de cinema discutir furos e outras mazelas do filme com os espectadores.

ROTEIRO
Nos aeroportos americanos as pessoas já são obrigadas a retirar os calçados nos pontos de controle antes do embarque. Explosivos podem ser escondidos no solado. Uma pequena quantidade de C4 pode abrir um rombo na fuselagem de um jato comercial com consequências desastrosas. Como a segurança dos aeroportos foi aprimorada os terroristas resolveram levar esta tática para outro local: as maratonas.
A Maratona de Nova Iorque é a mais popular do planeta. Milhares de pessoas se aglomeram na largada desta prova. O espesso solado de um tênis de corrida é capar de abrigar um artefato explosivo maior do que o de um sapato social. Assim mais estrago pode ser feito.
Nosso filme mostra sete atletas se preparando para correr a Maratona de Nova Iorque, o que expectador ainda não sabe é que se trata de sete terroristas suicidas. Com seus tênis recheados de C4, os sete se dispõe cientificamente no meio da multidão de corredores que se aglomera para a largada. No momento combinado, dois minutos para o início, eles detonarão os dispositivos simultaneamente! Ao redor de cada suicida, dezenas morrerão e centenas ficarão feridos. A soma pode chegar aos milhares!
Xeque-mate dos terroristas! O esporte mais barato e o principal auxiliar contra a epidemia de obesidade não é mais seguro. Poucas opções restam ao governo. Proibir os eventos de corrida será devastador para o turismo e para a saúde pública. Os índices de obesidade e doenças cardíacas irão se elevar. Outra opção será manter os eventos mas aumentar sua segurança. Tal como nos aeroportos, todos os atletas antes de entrar no curral de largada deverão retirar os tênis para passá-los no detector. Isto encarecerá enormemente os custos de uma prova. Centenas dos caríssimos detectores deverão ser adquiridos ou o evento ficará impraticável devido as gigantescas filas que irão se formar! Por fim, uma outra ideia surge em Washington: proibir o uso de calçados nos eventos de corrida! Já há um incipiente grupo de corredores descalços na América. A experiência deles comprova que esta prática não representa um problema de saúde pública, além disto, nossos antepassados já seguiram esta prática por milhões de anos. O presidente resolve então emendar o Ato Anti-Terror tornando obrigatória a corrida descalça a despeito dos prejuízos da indústria do calçado esportivo.

terça-feira, abril 02, 2013

A aterrissagem dos pés

Segue texto de minha autoria que foi publicado em 01/fevereiro/2013 no site Corrida Natural.
 

A aterrissagem dos pés 

(e minha teoria sobre a dor no topo do pé)

Neste texto vou considerar como natural apenas a mecânica de corrida na qual o antepé (ou mediopé) é a primeira parte a tocar o solo. Vou desconsiderar o estudo que encontrou a pisada iniciando pelo calcanhar em populações descalças. Inclusive tal estudo já foi tema de post anterior do Sérgio Rocha, bem como, já foi tema de post, também dele, entitulado “A tal dor no topo do pé“, para a qual apresentarei minha opinião.

   Pois bem, a mecânica começando com o antepé está tão associada a corrida descalça que esta é descrita, de forma simplista, como correr na ponta dos pés ou correr com a frente dos pés. Tal descrição induz nos iniciantes duas oportunidades para tensão desnecessária nos pés. Primeiro acredita-se que o calcanhar nunca deve repousar no solo. Segundo que devemos aterrissar com os dedos. A primeira induz o corredor a permanecer todo o tempo do contato na região da almofada (bola) dos pés. Isto é um fator de stress para a panturrilha e o tendão de Aquiles. A segunda induz o corredor a apontar os dedos em direção ao chão antes do contato. Está errado. As dedos ficam naturalmente curvados para cima antes e no início do contato com o solo e, assim como o calcanhar, devem repousar no momento posterior. Apontar os dedos para baixo vai produzir bolhas e,  acredito, pode até mesmo quebrá-los! Por outro lado, não deixá-los  tocar o chão depois da aterrissagem, vai criar tensão desnecessária na musculatura extensora e/ou flexora dos dedos.
   No livro “Barefoot Running Step by Step”, Ken Bob Saxton dá uma grande ênfase a aterrissagem dos pés. Ela se inicia pela almofada, com os dedos curvados para cima. A seguir o calcanhar toca o solo quase simultaneamente com os dedos. É a sequência almofada/calcanhar/dedos (sequência 1-2-3). Usando-a você evita o que Ken Bob chama de “efeito ventosa”. O que seria este efeito? Bem, o arco do pé funciona como uma mola e é achatado ao suportar o peso do corpo. Se você aterrissasse com os dedos e calcanhar primeiro, o arco, ao ser achatado, iria empurrar os dedos para frente e o calcanhar para trás provocando fricção na pele dos mesmos e levando a bolhas.
   Ken Bob não sabe dizer se curvar os dedos para cima é algo natural, mas que pode ser instintivo. De fato, ele não deu tanta importância a este detalhe da técnica até a sua décima-nona maratona. Na oportunidade, devido a fadiga, o “instinto” não estava funcionando e bolhas começaram a surgir nos dedos. Aí ele “aprendeu” a levantá-los conscientemente e evitou a formação das bolhas.
   Indo além do guru, minha opinião é que este movimento é natural sim e está além de uma resposta apenas instintiva. Penso desta maneira, pois nunca me atentei para este detalhe da técnica até ler o livro do Ken Bob no final de 2011. Também, como disse em post anterior, não gosto de correr mentalizando a técnica e nunca corri pensando neste detalhe. No entanto, quando vejo fotos minhas anteriores (e posteriores) a esta data, me observo realizando o movimento de levantar os dedos (veja aqui). Mesmo usando uma huarache bem fininha, me vejo fazendo este movimento, como no final deste vídeo.

   Bem, aqui vem minha teoria sobre a dor no topo dos pés. Não fiz nenhum estudo, é só minha percepção e baseada nos relatos de que descalços, e usuários de huarache, quase não apresentam tal dor mas que ela é relativamente comum em quem inicia usando VFF e outros minimalistas fechados. De fato seria falta de fortalecimento da musculatura extensora intrínseca e extrínseca dos dedos. Como considerei o movimento de curvar os dedos para cima como natural, descalços, usuários de huarache e usuários de tênis minimalista tentarão realizá-lo durante a corrida. Em quem usa huarache ou está descalço, tal movimento será realizado sem resistência. Por outro lado, no VFF ou nos tênis minimalistas o cabedal destes promoverá uma resistência ao movimento dos dedos, ou seja, será necessário maior força da musculatura extensora do dedos.
E você? Qual a sua experiência?

segunda-feira, fevereiro 04, 2013

Flexione os joelhos e relaxe

Segue texto de minha autoria que foi publicado em dezembro/2012 no site Corrida Natural.

Flexione os joelhos e relaxe

(ou acertando a técnica de corrida natural com apenas duas lições)

O ser humano não é um animal aquático. Para nós a água, como habitat, não é natural. Quem nunca aprendeu a nadar, se cair numa piscina funda irá se debater em desespero. Nadar exige o aprendizado de uma técnica própria. Por outro lado, a terra é nosso habitat. Correr é uma atividade básica, que era fundamental para a sobrevivência de nossos antepassados antes da invenção da agricultura. Então, correr com boa técnica deve estar gravado em nosso DNA. Entretanto, quando um iniciante começa a pesquisar sobre corrida descalça (ou natural), é comum encontrar sites e materiais no exterior que focam excessivamente nos detalhes da técnica de corrida: como o pé deve tocar no solo; como os dedos devem estar posicionadas; qual a inclinação do quadril, do tronco, da cabeça; qual o tamanho do passo; qual a cadência e etc. Não que isto não seja importante, mas eu sempre achei que sendo uma “técnica” natural, ela iria surgir naturalmente. O principal argumento contra o aparecimento espontâneo da corrida natural é o fato de usarmos calçados, a maioria de calcanhar elevado, desde a infância. Ao usar tênis com calcanhar elevado, nosso cérebro teve que desenvolver outra forma de correr, que chamarei de “mata-borrão”. Nossos neurônios gravaram esta forma e irá levar um tempo para eles desaprenderem e readquirirem a forma natural. Lembrando e parafraseando o guru Ken Bob Saxton, se correr em asfalto e concreto não é natural, então correr nestes pisos usando tênis de borracha é menos natural ainda! Assim, o reaprendizado da forma natural é mais eficaz se você permitir que os elementos sensoriais do seu corpo, que estão obstruídos pelos calçados, sejam usados. Sendo assim, tire os calçados e deixei que os dois treinadores, que você tem na parte inferior do seu corpo, voltem a fornecer o feedback sensitivo ao seu sistema nervoso!
Infelizmente nem todos estão dispostos a tirar seus calçados, principalmente por questões sociais, e não terão o benefício destes sensores. Para estes considero muito importantes as duas lições que propus no título. Para os que se aventurarem totalmente descalços, elas não são menos importantes. O argumento da forma mata-borrão ter sido gravada em nossos neurônios é muito forte. Além disto, eu sempre achei que correr mentalizando os detalhes da forma, tais como contar passos ou ver como o pé toca no chão, pesam contra a naturalidade e o relaxamento. Para mim, a função do cérebro é escolher o caminho e a estratégia. A função dos pés, pernas, enfim, do restante do corpo envolvido na corrida é executar o movimento “ouvindo” os sensores. Assim, o cérebro decide quando aumentar ou diminuir a velocidade mas quem decide a forma de correr nesta nova velocidade é o restante do corpo.
A primeira, e talvez a mais importante lição, é flexionar os joelhos. No momento do contato do pé com o solo o joelho deve estar flexionado. Ao flexionar os joelhos você transforma seu membro inferior numa mola ou amortecedor ao invés de uma barra rígida. O joelho flexionado muda tudo. Vários detalhes da técnica surgem por si só. É impossível aterrissar com o calcanhar! É impossível correr com o tronco inclinado acentuadamente! É muito difícil correr com baixa cadência! Se você ainda está conseguindo fazer alguma destas coisas é porque você não flexionou os joelhos suficientemente (ou não está correndo). Na dúvida flexione mais os joelhos. Flexionar (mais) os joelhos é tão importante que, além de ser útil para amortecer o impacto em qualquer situação, é útil para aumentar a segurança nas descidas íngremes, em terrenos escorregadios e para aumentar o conforto em pisos difíceis tais como as ruas de paralelepípedos. Veja os vídeos abaixo, do Ken Bob na esteira, para entender o que significa flexionar os joelhos. Sempre que eu começo a sentir o impacto, eu lembro do mantra: “flexione mais os joelhos”. Em situações extremas você deveria sentir como se estivesse correndo agachado (ou sentado). Não se esqueça deste mantra, ele faz milagres mas pode não ser o suficiente. Aí vem a segunda lição: o relaxamento.

É comum o relato de corredores que dizem ter feito a melhor prova da vida quando correram relaxados. Relaxe. Começe relaxando a panturrilha. Abaixo dos joelhos flexionados, o contato inicial do pé com o solo é usualmente na almofada, a panturrilha trabalha como amortecedor e depois deve relaxar pois toda a sola do pé deve tocar o chão distribuindo o peso corporal por uma área maior. Relaxe também os pés. O principal motivo para mantê-los tensos é a antecipação de dor. Não mentalize que o próximo passo será dolorido, mesmo que o piso seja áspero ou rugoso. Mas o relaxamento não se restringe somente as pernas e pés. Relaxe as mãos. Parece que temos uma herança dos antepassados quadrúpedes, relaxando as mãos é mais fácil relaxar os pés. Relaxe também ombros, braços, o quadril, enfim relaxe também a mente. Na minha opinião, a maioria das tensões são causadas pela antecipação infundada de problemas pelo cérebro. É por isto que não gosto de ficar mentalizando detalhes da técnica enquanto corro. A mente pode até dar uma ordem pontual para corrigir um detalhe mas logo deve desligar e deixar os sensores e a natureza trabalharem. Se estiver em dificuldade depois de flexionar mais os joelhos, lembre-se deste segundo mantra: “relaxe, relaxe e relaxe ainda mais”.

sábado, dezembro 15, 2012

Retrospectiva 2012

Durante o ano atualizei muito pouco este blog. Apenas um post sobre a Maratona Linha Verde e o Dia Internacional da Corrida Descalça. Resolvi então fazer um post com a retrospectiva do ano. Se eu tivesse postado durante o ano os posts mais recentes apareceriam mais acima na página. Para manter esta disposição esta retrospectiva será na ordem cronológica inversa. Não irei relatar todas as provas mas apenas os fatos mais marcantes. Vamos lá!

São Silvestre - 31/12 - 15km

Para fechar o ano procuro corredores descalços que irão correr a São Silvestre, por favor entrem em contato.

Volta da Pampulha - 09/12 - 18,65km

Uma divulgação sensacional da corrida descalça aconteceu na Volta da Pampulha. A Rede Globo fez uma matéria muito positiva sobre o esporte. A matéria completa foi exibida no sábado 08/12/2012 no Globo Esporte MG e no Tá Na Área do SporTV. Versões editadas da matéria foram exibidas em diversos Estados do Brasil e para as parabólicas de sinal aberto. Clique na imagem abaixo para ir a página da matéria no SporTV:

Na Volta também tive a honra de receber uma das pioneiras deste novo movimento da corrida descalça no país. Do meu conhecimento ela é a segunda corredora descalça em atividade, trata-se da Maria Lúcia de São José do Rio Preto/SP.

Corrida Saúde do Homem - 18/11 - 10,2km

Participei e fiz uma boa prova chegando em 15º de 60 participantes na faixa 40 a 49 anos. Mas o destaque foi o Sebastião Vargas, um corredor descalço que conheci na Corrida da Assembleia Legislativa. Ele foi o 2º colocado na faixa etária 50 a 59 anos. Completando os 10,2km no ótimo tempo de 41:55.

Corrida da Assembleia Legislativa - 21/10 - 5km

O destaque desta prova foi a proporção de descalços para concluintes. Além das figurinhas carimbadas: Eu, Roger e Cátia, esteve presente o João da Cruz, um corredor que mistura tênis baixinho com descalço mas esteve nesta descalço. Também conheci o Sebastião Vargas que cite na prova acima. Ele corre muito! Em suma, um recorde na proporcão de descalços: 5 em 298 concluintes.

Maratona do Rio - 08/07 - 42195m

Mais uma maratona "hackeada" com o Método Gallowalk. Foram 3h 28m 17s debaixo de muita chuva no Rio de Janeiro. Mas fisicamente o saldo foi negativo. Voltei muito cansado e com dores no pé esquerdo semelhantes a do Neuroma de Morton. Só depois de 4 semanas voltei a rodar normalmente.

Circuito Corujão do Esporte - 30/06 - 5km

Excelente prova noturna! Igualei meu recorde pessoal nos 5km: 19:52. O recorde original havia sido conseguido 3 semanas antes. Além disto, foi 0800 pois ganhei a inscrição em um sorteio da Rádio CBN.

Circuito de Corrida ABC - 10/06 - 5km

Circuito de corridas realizado no interior do Estado pelo Grupo ABC. Participei da etapa de Oliveira/MG. Tive a felicidade de estabelecer meu recorde pessoal no 5km com o tempo de 19:52, confirmado três semanas depois no Circuito Corujão.

Dia Internacional da Corrida Descalça - 06/05
Vide post próprio.


Circuito Athenas 1a. etapa - 20/05 - 10km

Corrida Rústica Itatiaiuçu/MG - 18/03 - 10km

Circuito do Sol - 22/01 - 10km

Três provas de 10km do primeiro semestre. Dos top 5 melhores tempos de minha vida, do terceiro ao quinto foram obtidos nestas provas. 41:39 no Circuito Athenas, 41:47 na Rústica de Itatiaiuçu e 41:37 no Circuito do Sol. De fato, em Itatiaiuçu, não corri descalço mas usando uma huarache que eu mesmo fiz usando o solado de uma antiga sandália Goóc. Não quis encarar a estrada de terra cascalhada nem as ruas de paralelepípedos que fazem parte do percurso.

Maratona Linha Verde - 29/04 - 42195m
Vide post próprio.


Golden Four Asics - 01/04 - 21,1km

Etapa de Belo Horizonte do circuito de meias maratonas da Asics. O circuito é focado em promover percursos rápidos e com pelotões de largada por ritmo. Deu certo para mim, estabeleci meu recorde pessoal na meia com 1h 32m 02s.

XXX Volta ao Cristo - 29/01 - 16km

Fui eu lá novamente correr na bela Poços de Caldas/MG. Desta vez fui acompanhado do mestre da corrida descalça e "Senhor de Todos os Pisos": meu amigo Arnoldo. Antes de ir eu pensava fazer os 3 km de estrada de terra cascalhada como no ano passado, ié, "protegido", não com um VFF mas, desta vez, com uma huarache. Mas foi ótimo ter ido com o Arnoldo reconhecer o terreno na véspera da prova. O mestre desmistificou o piso. Na mesma hora, falei para ele que se ali fosse subida eu iria descalço. Depois, na madrugada, pensei que mesmo sendo descida também dava. Fui descalço!!! Pois bem, o trecho do percurso que mais incomodou minhas solas não foi a estrada de terra mas o asfalto choquito que compunha a última descida da prova. Lá eu desci no pau pois já estou acostumado e treinado a correr no choquito, sei que incomoda mas não machuca. Lá na terra era novidade, desci com receio, por não estar habituado. Terminei em 1h 23m 37s. O Arnoldo desceu no pau o trecho de terra, os outros corredores não acreditavam no que viam. Ele terminou em 1h 20m 03s. Copio abaixo o relato da prova feito por ele e colocado em nossa comunidade de corrida descalça no Orkut e no Facebook.

XXX Volta do Cristo.
Fiz um corrida bem técnica: Larguei um pouco acelerado, mas guardando reservas, até o sopé da montanha. Na subida do morro, subi bem devagar até o seu topo (sem caminhar hora nenhuma, viu Cátia?). Depois, na descida, me senti em casa, e, apesar do cascalho da estrada de terra, despingolei morro abaixo, passando vários corredores calçados (que olhavam pra minha cara, pro meu pé e depois pra minha cara novamente...). Até o final da descida (uns 4Km, sei lá...) não fui ultrapassado por ninguém (que o Cristo perdoe a vaidade momentânea desse normalmente tão modesto corredor descalço, mas, sinceramente, foi a melhor parte da corrida... rsrs). Nos últimos Km, já no plano novamente e com reservas escassas, moderei bastante a velocidade pra mode cruzar inteiro a linha de chegada com o tempo bruto de 1 20' 0?".

No mais, A Volta do Cristo é uma corrida sem frescura e sem mimos para os participantes, que inclusive só recebem a camisa se fizerem a volta completa, o que achei muito bacana, pois engrossa a medalha. Tinham participantes de vários estados, todos, com quem conversei, muito simpáticos. Tive, também, o privilégio de desfrutar da companhia de Leonardo Liporati, um grande e apaixonado corredor descalço, que inspira tanta gente (inclusive a mim) grande companheiro, com quem fui de carona de BH, e ficamos no hotel bolando estratégia de corrida e sinuca...rsrs

Poços é um cidade linda, arborizada, e seu povo bem receptivo. Lembrei muito de meu irmão, que passou os últimos dias de sua vida nesse lugar e, apesar da nostalgia, fiquei feliz que a cidade fosse ele.